Hoje, um assunto iniciado no grupo Tips do facebook, provocou-me
um "reviver"... coisa recente, não muito remota... reviver da
Amamentação. Não gosto de ficar repisando esse assunto sempre, pra não parecer
pedante, mas hoje queria escrever sobre isso, de uma forma livre, neste meu
espaço que passei a dividir com vocês pessoas virtuais de algum lugar do
além-tela...
Como já descrito tantas vezes em outras publicações, meu
filho mais velho tem alergia mediada para proteínas do leite, ovo, ácaro,
formiga... Quando decidi engravidar novamente, já me preparei para os
sacrifícios prováveis que essa gestação me acarretaria. E assim, depois de
conversar com os especialistas que nos acompanhavam, tirei o leite e o ovo da
minha dieta assim que entrei no meu 7º mês de gestação, inclusive dos traços
destes.
Quando minha filha nasceu, meu leite estava preparado, limpo
e foi seu alimento por exatos 1ano e 2 meses. A partir do segundo mês, também
excluí a soja, porque ela reagia com fezes esverdeadas, de odor forte, e com
muita cólica. Teve uma época que tirei quase tudo, tinha muita dificuldade de
encontrar opções de comida pra mim...ela reagia também ao ferro, ao mamão, e
aos 10 meses de vida sangrou com carne de vaca na sopinha... foi quando
confirmei enfim, o que já se esboçava desde cedo: a genética vencia todo meu esforço,
ela também era alérgica.
Esforço? Qual esforço, vou dizer a vocês o que significa:
Não acho que abdicar de comidas de restaurante e festas tenha sido minha
principal dificuldade. Comer sem leite, ovo e soja foi fácil demais, e
continuou sendo tão prazeroso como era comer sem restrições. Eu já tinha experiência
com vários pratos idealizados para meu filho, e qualquer desejo que tinha,
pizza, sorvete, brigadeiro, torta, qualquer coisa eu ía na net, adaptava em
casa, errava, refazia, até acertar uma tão saborosa... porque tudo é possível,
enfim, quando a cabeça é pensante e o coração pulsante.
Porém, a dificuldade MESMO, surgiu na primeira semana de
vida da minha pequena recém-nascida: ela só mamava em um seio, recusava o
outro, que aos poucos foi deixando de produzir leite, e realmente ali, me
desesperei um pouco, pois amamentá-la era minha tábua de salvação, minha carta
na manga, minha esperança de salvá-la da A.A.
E ela se sustentou nesse peito, por todo os 14 meses, sem
precisar recorrer um minuto sequer a qualquer fórmula alimentar. Mamou
exclusivamente, aos 6 meses introduzimos frutas, depois sopinhas, e com 1 ano,
já pensando em desmamá-la, ofereci sua primeira mamadeira de Neocate. Entrou no programa para receber o leite pelo
governo, onde passou para o pregomim, mas logo entrou no aptamil pepti, e por
fim, com 1 ano e 4 meses começamos a introdução com o leite Ninho integral.
Hoje minha caçula está com 2 anos e 2 meses, livre da aplv.
Ainda tem reações intestinais quando consome soja, e a sequela maior de sua
experiência alérgica, é que ela perdeu todas as "boas janelas"
alimentares...eu não oferecia muitas variedades por medo das reações, era algo
muito novo pra mim, pois Danilo era mediado, seus sintomas eram bem definidos, instantâneos,
não deixavam dúvidas..já minha filha, não-mediada, mostrou-me o tormento da
insônia do "tentar descobrir o quê e quando" fez mal... Por
toda essa insegurança, ela come muito mal, é uma verdadeira batalha fazê-la
aceitar uma refeição no almoço ou janta...por ela, vivia de leite...
Em vários momentos, como mãe que amamenta, tive que
enfrentar desafios a mais, tentações de parar, como por exemplo: por duas
vezes, ela fez greve de mama por causa da dentição, quando tive que ordenhar
manualmente e oferecer no copinho, pois ela não aceitava mamadeira. Enfrentei
também uma crise conjugal, associada e causadora (simultaneamente) de uma crise
de auto estima minha, o meu corpo transformado, meu seio bem maior que o outro,
estética deformada, enfim, a mulher que um dia existiu em mim, naquele período,
parecia morta e enterrada, sufocada pela mãe em período integral, total e insubstituível...
Sobrevivi... passou...venci.
Vencemos, na verdade. E sou muito feliz em me reconhecer tão
forte, tão corajosa, tão responsável. Fiz o que pude, fiz o que foi preciso, e
felizmente, valeu a pena, ela venceu a aplv.
Amamentar foi uma das melhores experiências da minha vida.
Meu primeiro filho, inclusive... com ele, durou apenas 7 meses, mas foram meses
intensos...eu era uma pós gestante em depressão, não consegui aproveitar todos os momentos com ele...mas os melhores, que não se apagam
da minha memória, foram justamente o amamentar. Eram minutos mágicos, onde eu
entrava na alma dele e ele na minha...cada mamada me fazia amá-lo mais. E
amamentar minha caçula foi um "matar de saudade" daquela primeira experiência...
Por fim, amamentar é sim uma opção. Muitas mulheres optam
por negá-la. Mas para uma mãe de aplv, ou provável aplv, amamentar é uma
necessidade. Existem talvez uns 10 bons motivos para você decidir não amamentar
seu bebê, e quem sabe poucos, muito poucos motivos para amamentá-lo. Mas destes,
um deles por si só, já bastaria: o ser que VOCÊ gerou, fez brotar no teu seio
um alimento sagrado, e VOCÊ não pode negar ao seu filho o que nenhum animal mamífero nega a sua cria. Supere suas dificuldades, supere a si mesma
e simplesmente...A M E.
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