sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Ser Feliz! seja como for...


Você já sentiu culpa por comer numa pizzaria sem as crianças? ( por flagrar-se aliviada, pois  não precisava se preocupar com as mãos, ou em comer escondido deles);

Você já se viu zangada com um funcionário que empacotou suas compras? (pelo inocente ter colocado as comidas do seu filho na mesma sacola dos iogurtes do seu marido);

Você já fez ecoar um grito incontrolável dentro de um supermercado? (por  ver seu filho tirando um biscoito de um pacote que alguém deixou aberto nas prateleiras);

E ainda no mesmo cenário, fazendo sua feira semanal, você já teve que sair às pressas, deixando um carrinho cheio de compras pra trás, por ter esquecido o antialérgico em casa, e ver ali seu filho todo empolado, com olho inchado? Sabe porque, dessa vez? Porque o pai teimou em colocar o menino naqueles carrinhos de criança, acoplado ao cesto de compras... um absurdo né? Querer que seu filho seja igual a todas as outras criança da cidade? imagine só, naquele dia, ou muitos dias antes, algum pequeno deve ter utilizado o mesmo, se deliciando com um iogurte antes de pagar, como é muito comum de se ver...e aí, o outro garoto, coitado, alérgico a leite reagiu ao simples contato da direção e da cadeirinha sujas.

Respiro fundo e te falo: Sim, isso tudo já aconteceu comigo! E infinitas outras coisas! Poderia escrever facilmente uma lista de 10 páginas. E justamente hoje, não sei porque, relembrei tudo que fomos, eu, meu marido, meu filho (e posteriormente, minha caçula), tudo que deixamos pra trás nesses maravilhosos anos, desde que nos formamos como família... e quem não tem histórias pra contar? Nenhuma há de ser igual a outra, certamente. A minha, é esta. E sendo chata ou não pra você, meus causos estarão sempre relatando uma mãe que precisa levar marmitas dentro da bolsa quando vai à festas, ao restaurante, ao parque, ao teatro, ao jogo de futebol...uma mãe que já teve que voltar correndo pra casa depois de deixar o filho na escola, pra preparar os brigadeiros dele, pois a professora esqueceu de avisar que teria um aniversário em sala... uma mãe que não sabe o que é viajar sem ter que levar a casa junto e um grande isopor cheio de comidas congeladas.

Sei que muitas mães já viveram tudo isso e saberão exatamente do que estou falando...e pra vocês eu digo: Eu sei o que vocês sentiram em cada momento e respeito toda sua frustração com o mundo, com a vida, com o destino. Respeito mais ainda, a sua volta por cima, tentando reinventar-se e adequar o mundo a vocês. Mas também queria te falar que é maravilhoso ter um filho com alergia alimentar, é um verdadeiro presente até, dependendo do seu referencial. Mas para que você concorde comigo verdadeiramente, antes de tudo, vou te pedir que esqueça alguns paradigmas sobre a felicidade, como por exemplo:

1º) Ser feliz é levar um pote de danoninho dentro da bolsa das crianças;
2º) Ser feliz é poder passar o sábado e o domingo de pernas pro ar, e entrar na cozinha só pra beber água. Poder almoçar no restaurante novo que abriu no bairro e a noite pedir uma comida delivery;
3º) Ser feliz é encomendar salgadinhos, docinhos e bolo no aniversário do filho e só se preocupar em não atrasar seu horário no salão de beleza;
4º) Ser feliz é quando seus filhos estudam no infantil e sua única tensão é referente as mordidas que ele trás pra casa.

Entendeu? Vê como tudo isso é apenas um ponto de vista? A maioria das pessoas são assim, mas isso não quer dizer que você precise disso pra ser feliz. Pense: existem outras opções? Existem outros caminhos? Claro que sim.

Agora, para que você tenha certeza que seu filho é um privilegiado, questione-se sobre os itens a seguir:

1º)A alergia faz de seu filho uma criança menos inteligente, menos alegre, menos sorridente?
2º)A alergia o impede de comer, de degustar, de sentir prazer com os alimentos?
3º)Os alimentos que ele não pode comer são insubstituíveis?
4º) A alergia vai impedir seu filho de estudar, trabalhar, casar-se, ter amigos?
5º) A alergia vai minguar a saúde ou matar o seu filho?


Enfim, se você realmente estiver fazendo seu papel materno, ou essa alergia não tiver causado um dano mais severo, tenho certeza que todas as respostas para as cinco questões foram "não", e que neste momento você vai lembrar de algumas outras crianças com patologias muito mais complicadas, que delimitam e até cessam todas essas possibilidades de satisfação pessoal. E é por isso, enfim que eu considero a alergia, hoje, como algo tão grande como uma gripe...que eu me lamento pela febre e pela tosse, e que preferiria mil vezes nunca ter contraído, mas que no fundo, eu sempre saberei que a febre e a tosse vão passar, que depois de sanada, você poderá viver normalmente pra sempre, até a próxima gripe.


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