quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Formigas


Imagem retirada do site: www.dicasfemininas.com.br
(Por Marília Pinheiro)

Estava olhando uma formiga que passava ao meu lado, tão mínima e tão rápida caminhando sobre o rejunte da parede, e ali vi um reflexo da minha vida...

Quando eu era criança, as formigas eram criaturas assustadoras, graças a um filme tosco que vi na tv, onde elas tornavam-se gigantes e atacavam os homens. Depois de ver esse terror nunca mais fui a mesma criança, não podia fechar os olhos sem pensar que a qualquer momento as formiguinhas da casa virariam monstros, não conseguia esquecer aquelas anteninhas gigantes riscando em minha direção, com seus olhos medonhos...

Ultrapassada essa fase, as formigas passaram a provocar em mim uma enorme compaixão, a ponto de eu não conseguir esmagar nenhuma, ou passar o dia com a consciência machucada por ter pisado acidentalmente em uma operária levando um grão de pão nas costas. Eu costumava me pôr no lugar delas, me diminuir ao seu tamanho e imaginar um pé cem vezes maior me esmagando sem piedade. Cheguei a pensar inclusive que formigas poderiam ser almas de gente encarnadas de uma vida passada, e que na minha próxima vida eu poderia vir como formiga! rs

O curioso é que hoje consigo matar formigas que nem mesmo me ameaçam o doce...Depois que eu fui mãe, e especialmente mãe de um menino que tem importante alergia a esses bichinhos, tornei-me assassina em série de formigas de qualquer tipo, na verdade, de seja qual for o inseto de provável qualidade "ferruativa".

Tenho ou não uma íntima relação com essas criaturas? Praticamente elas traduzem alguma expressiva evolução da minha jornada!

Regresso ao corpo, à minha casa, ao meu tempo presente (que já é passado, por sinal) e a formiga já ia longe pela outra parede. Estive me modificando por toda minha vida, enfrentei vários medos, construí algumas fortalezas, e poderei provavelmente refazer algumas rotas... que venham mais formigas! 

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