Deficiência é um conceito
abrangente demais para se classificar dentro de uma população. Deficientes
somos todos...de coisas pequenas, de coisas grandes, de coisas visíveis ou
discretas, de coisas concretas ou de sentimentos, carismas, dons,
conhecimentos....todos, sem exceção, somos deficientes de alguma coisa
importante.
O termo "deficiente físico", que na verdade pode ser também
cognitivo e mental, está sendo representado na sociedade, através de ações
sociais, jurídicas, urbanas etc, porque existem realmente pessoas que, por
conta de suas deficiências específicas, sofrem duramente para serem incluídas
dentro das atividades e direitos de qualquer ser social.
Por conta de amanhã, 3 de dezembro, ser o dia estabelecido pelas Nações
Unidas para se celebrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, quero
deixar aqui meu clamor por mais AMOR , por mais calor humano, mais
tolerância, generosidade, companheirismo, amizade, humildade... de um humano
para outro humano. Humanos que somos, amemos uns aos outros, sejam deficientes do colorido
ou do transparente. Sejamos exemplos para nossas crianças, antes de qualquer
ensinamento que o mundo os traga.
Ontem, tivemos o fechamento de uma ação, idealizada pelo Conselho da
Pessoa com Deficiência de Curitiba, que polemizou o tema através de um método
bastante ousado: foi criado uma página no Facebook e implantado um outdoor real com revindicações preconceituosas. (Conheça sobre esta ação clicando aqui).
É claro que a forma adotada feriu e machucou deficientes e seus parentes,
mas passado o susto e consternação e sensibilizados pelas palavras de Mirella Prosdocimo,
presidente do CMDPcD, é possível simpatizar com o que, há tão pouco tempo, repudiamos. É possível cogitar que todo
o custo de aborrecimento gerado seja justificado pela necessidade de fazer cada
pessoa refletir sobre inclusão. Não estamos falando da inclusão que a Escola, a
Igreja, o Restaurante, as Instituições todas devem efetivar. Estamos falando da
inclusão que cada pessoa deve admitir em relação ao outro dentro de si mesma, a
aceitação verdadeira do outro.
Por fim, o que se questiona é simples realmente:
Você, que não é um deficiente mas que ficou revoltado com a página, respeita por
exemplo uma vaga prioritária? Nunca estacionou sobre o símbolo da cadeira de
roda por julgar que nenhum cadeirante precisaria dela naquele momento? E quanto ao custo com
itinerante ser pago pelas escolas? Você está disposto a arcar com o aumento que
isso poderá acarretar na sua mensalidade? Ou pensa "o problema é de quem
pariu Mateus"? Outro teste: ficaria feliz se sua filha se apaixonasse por um homem surdo? Está atento ao fato do seu filho humilhar o colega autista que não joga com destreza no time de futebol da escola?... Enfim, como o próprio movimento pós-desmascaramento
justificou, se todos que se revoltaram estivessem mesmo cientes dos direitos das pessoas com deficiência, não haveria tanto desrespeito a estes. Acredito que a campanha,
apesar de cruel, alcançou o objetivo que por outras formas talvez não fosse
possível... fez as pessoas discutirem o assunto, alardeou e se multiplicou,
chamou a atenção em larga escala e por fim, põe em cheque a atitude real versus
o mero discurso.